sábado, 8 de agosto de 2009


FAC-SIMÍLE

Estrela, minha Alfa Centauro,
ou uma outra qualquer
a inumeráveis anos-luz de indiferença,
sou um terráqueo instável ,
nem me sabes,
mas gosto à noite
de deitar-te em meus olhos,
cansado das luzes nervosas onde me lavro.
Estrela, meu astro reinventado,
por que assim, enternecido,
de ti me enamoro,
na funda noite exorcizado ?
Serias como humanos
que de longe nos encantam
trazendo de perto o cheiro de entranhas,
o encadeamento dos hábitos?
Apascentarias ovelhas à tua órbita?
Saberias da duração de tua glória?
E se eu te tocasse
e te dissolvesses em absurdos ares?
Se eu te devorasse ,
terias de mim próprio
a consistência mesmíssima de um pó,
a fragilidade de um pirilampo
-tudo tão simples
fac-símile de tudo
tão em si mesmo desmitificado?

(Estrela, tua terna esfinge me basta.)

(Fernando Campanella)

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